Obesidade, Diabetes e Demência- Com Dra. Lia Lima
Manter a ordem, em vez de corrigir a desordem, é o princípio básico da sabedoria. Curar a doença depois que ela aparece é como cavar um poço quando se tem sede, ou forjar armas com a guerra iniciada. (Nei Jing, século II a.C.)
Como tudo na vida, o corpo humano simplesmente se esgota. Uma doença degenerativa se instala e avança lentamente, num ritmo excruciante, até que o corpo se entrega. Isso é particularmente verdadeiro quando se trata das desordens cerebrais, inclusive a mais temida de todas: o mal de Alzheimer, um bicho-papão moderno da medicina, que está sempre nas manchetes.
Todos os dias ficamos sabendo de algo novo em nossas diferentes guerras contra as doenças crônicas, especialmente no que diz respeito àquelas que, na maior parte, podem ser evitadas com a adoção de certo estilo de vida. A cada ano nos tornamos mais e mais obesos, apesar de tudo que nos é dito sobre como se manter magro e em forma, sem falar da epidemia crescente de Diabetes tipo 2.
A mudança em nossa dieta ocorrida nos últimos cem anos — de uma dieta rica em gordura e pobre em carboidratos para a atual, pobre em gordura e rica em carboidratos, basicamente constituída por grãos e outros carboidratos danosos — é a origem de boa parte das pragas modernas que assolam o cérebro, entre elas dores de cabeça crônicas, insônia, ansiedade, depressão, epilepsia, transtornos motores, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e tantos outros episódios maiores que costumam ser o prenúncio de um sério declínio cognitivo e de males cerebrais importantes, irreversíveis, intratáveis e incuráveis.
O fato de que nosso cérebro é sensível àquilo que comemos vem circulando silenciosamente em nossa literatura médica de mais prestígio. É uma informação que precisa chegar ao conhecimento do público, cada vez mais enganado por uma indústria que vende alimentos considerados “nutritivos”. Isso também levou médicos e cientistas a questionar aquilo que acreditamos ser “saudável”. Seriam os carboidratos e os óleos vegetais poli-insaturados processados — como os de algodão, amendoim, canola, girassol, milho, cártamo e soja — os culpados pela disparada nos índices de doenças cardiovasculares, obesidade e demência? Será que uma dieta rica em gorduras saturadas e colesterol pode, na verdade, fazer bem ao coração e ao cérebro?
O diabetes e as doenças do cérebro são os males mais dispendiosos, são, porém, os mais fáceis de prevenir, e um está intimamente ligado ao outro: ter diabetes duplica o risco de ter o mal de Alzheimer. Todos nós sabemos que uma dieta ruim pode levar à obesidade e ao diabetes. À destruição do cérebro também?
O MAL DE ALZHEIMER - UM TERCEIRO TIPO DE DIABETES?
As pesquisas que descrevem o Alzheimer como um terceiro tipo de diabetes começaram a surgir em 2005, mas a correlação entre uma dieta inadequada e o Alzheimer só veio à luz recentemente, graças a novos estudos.
A insulina, como talvez você já saiba, é uma das substâncias biológicas mais importantes para o metabolismo. Seu papel é levar a glicose da corrente sanguínea para as células musculares, adiposas e hepáticas. Uma vez nelas, a glicose pode ser usada como combustível. Em geral, células saudáveis têm uma alta sensibilidade à insulina.
Mas quando as células são expostas constantemente a altos níveis de insulina, como resultado de uma ingestão constante de glicose (grande parte em razão de um consumo exagerado de alimentos hiperprocessados, recheados de açúcares refinados que levam os níveis de insulina a picos acima do limite saudável), nossas células se adaptam reduzindo, na própria superfície, o número de receptores que reagem à insulina. Em outras palavras, nossas células se dessensibilizam à insulina, gerando uma condição chamada “resistência à insulina”, que lhes permite ignorá-la e não absorver a glicose do sangue. Então, o pâncreas reage bombeando ainda mais insulina. Assim, para que o açúcar chegue às células, são necessários níveis elevados do hormônio. Isso cria um círculo vicioso que, por fim, culmina no diabetes tipo 2.
Algo relevante que estamos começando a entender em relação à resistência à insulina é que ela desencadeia a formação das famigeradas “placas” presentes nos cérebros adoecidos pelo mal de Alzheimer. Essas placas representam o acúmulo de proteínas isoladas que, essencialmente, tomam conta do cérebro e assumem o lugar de células cerebrais saudáveis. E a constatação de que é possível associar baixos níveis de insulina com problemas cerebrais está levando o termo “diabetes tipo 3” a se consolidar entre os pesquisadores. Diz muito sobre isso o fato de que os obesos sofrem um risco muito maior de perda de funções cerebrais, e o fato de que os diabéticos têm no mínimo o dobro de chance de desenvolver Alzheimer.
Essa afirmação não significa que o diabetes seja a causa do mal de Alzheimer, mas apenas que ambas as doenças compartilham a mesma origem.
Na década passada, testemunhamos um crescimento concomitante no número de casos de diabetes tipo 2 e de obesidade. Só agora, porém, estamos começando a identificar um padrão entre os que sofrem de demência, à medida que o índice de casos de Alzheimer aumenta em sincronia com os de diabetes tipo 2.
QUANDO A INFLAMAÇÃO ATINGE O CÉREBRO
Quando um processo inflamatório sai de controle, são produzidas diversas substâncias químicas, que são diretamente tóxicas para nossas células. Isso leva a uma redução das funções celulares, seguida da destruição de células.
Processos inflamatórios descontrolados se generalizaram nas sociedades ocidentais, e importantes estudos científicos mostram que eles são uma causa fundamental de morbidade e mortalidade, associada a doenças coronarianas, câncer, diabetes, Alzheimer e virtualmente todas as doenças crônicas que você puder imaginar.
Mas a correlação entre os processos inflamatórios e os problemas cerebrais, apesar de bastante descrita na literatura científica, por algum motivo parece difícil de aceitar — e continua praticamente desconhecida. Um dos motivos para as pessoas não conseguirem visualizar as “inflamações cerebrais” como algo envolvido com todo tipo de problema — do Parkinson à esclerose múltipla, da epilepsia ao autismo, do Alzheimer à depressão — é o fato de o cérebro não ter receptores para a dor, ao contrário do resto do corpo. Não conseguimos sentir uma inflamação no cérebro.
A dieta e os exercícios podem controlar os processos inflamatórios do nosso corpo, aquilo que comemos não é a única escolha de vida que pode mudar a expressão de nossos genes, ajudando a controlar processos inflamatórios. Estudos recentes demonstram como o sono é um poderoso regulador do nosso DNA.
Agora que você teve uma visão panorâmica do problema, é hora de debruçar-se sobre as formas pelas quais você pode ajudar a saúde e o funcionamento das ideias no seu cérebro através dos três hábitos fundamentais: dieta, exercícios e sono. Cada um deles desempenha um papel significativo no bom ou mau funcionamento do cérebro.
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Referências
http://www.health.harvard.edu/topics/diabetes
http://www.health.harvard.edu/mind-and-mood/alzheimers-disease
http://www.medicaldaily.com/earliest-sign-alzheimers-onset-identified-decline-glucose-levels-research-409851
http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/alzheimers-disease/in-depth/diabetes-and-alzheimers/art-20046987?pg=1
http://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/31/ciencia/1490978995_156616.html