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Desafios na Perda de Peso em Obesos Diabéticos - Com Dra Lia Lima

Obesos Diabéticos X Obesos Não diabéticos: Quem tem mais dificuldade em perder peso?


Será que existe alguma diferença no processo de perda de peso entre os diferentes tipos de obesidade? Por exemplo, pessoas com obesidade e diabetes tipo 2 perdem peso da mesma forma que os obesos não diabéticos? Se ambos estão obesos deveriam emagrecer na mesma velocidade, não?




A resposta para tal pergunta é: Não!


Pessoas com excesso de peso e Diabetes tipo 2 tem mais dificuldades para perda de peso que os obesos não diabéticos.


Isso se deve a uma soma de prováveis hipóteses:

  1. Fator 1 – Medicações.

Uso de medicações que promovem ganho de peso e aumento de apetite como: sulfoniluréias (glibenclamida, gliclazida, glimepirida) e insulinas. Caso você esteja em uma dessas medicações procure seu médico e veja a possibilidade de substituição por melhores medicações para seu caso.

  1. Fator 2 – A soma de problemas.

Pessoas com obesidade e diabetes tipo 2, são chamados de diabesidade. É como se as duas doenças estivessem intrinsecamente interligadas, sendo a presença de uma, fator para piorar a outra. Dessa forma, tanto a obesidade, quanto a diabetes são mais difíceis de tratar.

  1. Fator 3 – A duração de obesidade.

Obesos Diabéticos costumam apresentar excesso de peso há mais tempo que pessoas que estão ainda com excesso de peso, sem outras doenças aparentes. Decorrente a isso, a idade do tecido adiposo presente é um fator importante na influência da perda de peso. Isso se dá por que quanto mais velho é o tecido adiposo, ele apresenta mais fibrose.


Fibrose de Tecido Adiposo.


Hã? Vamos entender melhor sobre isso? Continue lendo abaixo e entenda...


Fibrose de tecido adiposo


Já faz muito tempo que o tecido adiposo deixou de ser apenas uma camada de gordura. Logo se descobriu que ela participa da manutenção da temperatura corpórea e em seguida outras funções associadas a ela foram sendo descobertas.


Destaca-se entre as várias outras funções desse tecido, uma muito importante, que é a de secreção de hormônios e substâncias, ganhando a titularidade de glândula. Sendo assim, é de se prever que pessoas que sofrem de excesso de peso (pelo excesso de tecido adiposo) devem apresentar algum funcionamento inadequado da gordura. Porque a gordura pode estar doente.


Quando o tecido adiposo começa a se formar e aumentar em tamanho, para sua sobrevivência será necessário a oferta maior de oxigênio e nutrientes. Para que esses elementos alcancem o novo tecido adiposo formado é necessário que os vasos sanguíneos se formem e alcancem esse novo tecido.


É justamente falta de oxigênio (hipóxia) no tecido adiposo em expansão que faz com que o processo inflamatório se inicie. A inflamação se dá com a produção de citocinas (substâncias) pelos adipócitos (células localizadas no tecido adiposo) aumentados de tamanho devido ao maior acúmulo de lipídios.


Um dos efeitos das citocinas é um aumento na formação e expansão de vasos sanguíneos. Assim, em uma fase mais tardia (ou seja, quanto mais tempo se tem de obesidade), todos os nutrientes chegarão aos adipócitos, nutrindo esse novo tecido, produtor de substâncias inflamatórias, situação mais alarmante.


Uma outra consequência crônica (de novo, a obesidade antiga) é a chegada de células chamadas de monócitos, neste local. Os Monócitos são células de defesa presentes no sangue que migram para o tecido inflamado quando estimulado por substâncias liberadas pelas células, como as citocinas. Chegando ao local inflamado, estes monócitos se transformam em macrófagos, células maiores e com alta capacidade de realizar fagocitose, cujo interesse é destruir o elemento indesejado, seja uma célula, seja um ser vivo, seja uma substância.


Estes macrófagos também liberam citocinas que estimulam ainda mais o estado inflamatório do tecido, piorando a inflamação já instalada.


É essa inflamação toda é o que está sendo estudada e relacionada a piora da resposta da perda de peso em diabéticos obesos. Parece que o maior tempo de fibrose promove alterações metabólicas que impede sua própria destruição.


Esse fato foi observado em pessoas que fizeram a cirurgia metabólica (ou cirurgia de redução de estomago ou cirurgia bariátrica pelo método de Bypass). Os indivíduos obesos não diabéticos apresentaram maior perda de peso e na melhora do funcionamento metabólico que os obesos diabéticos, sendo a fibrose de tecido adiposo o principal vilão associado.


Concluindo pessoal,


Quanto mais tempo de obesidade, piores são as consequências e pior é o combate!


Quanto antes for despertado e entendido que perder peso não é questão de estética apenas, mais fácil será para o médico tratar essa disfunção e menores são as complicações geradas pelo excesso de peso no seu corpo.


E para aqueles que pensam que a cirurgia bariátrica é a solução para perder peso, mais atenção aí! Ela é boa sim, muitas vezes necessária, mas ainda não é a solução nem cura!


Fiquem atentos e busquem a redução do excesso de peso o quanto antes, pensando sempre nos riscos que podem ocorrer se você não dá a devida atenção a ela.


Ufa leitores, se você chegou até aqui, fico feliz! Por hoje é isso!


Espero que tenham gostado de verdade e entendido sem dificuldades. Qualquer dúvida, comenta aqui e não deixa de compartilhar informação, pois pode ajuda a muita gente!


Muito Obrigada, Mil Beijos e Fiquem em Paz

Dra. Lia Lima





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Referencias:

SUN, K.; KUSMINSKI, C. M.; SCHERER, P. E. Adipose tissue remodeling and obesity. J. Clin. Invest., v. 121, n. 6, p. 2094-2101, 2011.

BEL LASSEN, Pierre et al. The FAT Score, a Fibrosis Score of Adipose Tissue: Predicting Weight-Loss Outcome After Gastric Bypass. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 102, n. 7, p. 2443-2453, 2017.

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Uma atuante no metabolismo funcional e low carb que tem o objetivo de utilizar e agregar a tecnologia como complemento do tratamento de pacientes com distúrbios metabólicos, prestar informações relevantes sobre as doenças metabólicas e propiciar um meio para compartilhamento de experiências no enfrentamento dessas doenças e incentiva-los na busca de qualidade de vida!

Dra Lia Lima

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