Síndrome do Ovários Policísticos (SOP), Diabetes e Low Carb
Síndrome do Ovários Policísticos (SOP), Diabetes e Low Carb
TENHO SOP, POIS TENHO CICLO IRREGULAR! Quando se fala em síndrome dos ovários policísticos (SOP), logo vem à mente ciclo menstrual desregulado, dificuldade de engravidar, ou até mesmo infertilidade, de forma que por muitos anos, essa condição era associada a somente um distúrbio do sistema reprodutor feminino.
SOP E OUTROS SISTEMAS. Atualmente a visão é diferente, que envolvem vários sistemas, sendo que o sistema pancreático apresenta uma relação bem intensa. A participação da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, recebe o papel de protagonista no desenvolvimento da sop. É sobre isso que vamos descrever melhor nessa postagem e aproveitar pra discutir sobre uma estratégia alimentar que auxilia essa síndrome.
O que é a Síndrome do Ovários Policístico?
A SOP é um distúrbio hormonal em que a mulher não ovula nem menstrua com regularidade, derivado de desordens dos hormônios sexuais, entre eles o aumento do hormônio masculino (os andrógenos). Outros hormônios estão associados com a causa da síndrome dos ovários policisticos, sendo a alteração da insulina, uma delas.
Para ter a síndrome é imprescindível que a mulher tenha ciclos menstruais irregulares.
A CAUSA DA SOP
Os mecanismos que explicam o desenvolvimento da SOP não são bem compreendidos e podem envolver componentes genéticos (várias alterações genéticas estão associadas com a síndrome) e ambientais (como o estilo alimentar e hábitos de vida).
OS PRINCIPAIS SINTOMAS DE SOP
O nome síndrome se refere a um conjunto de sinais e sintomas que vão juntos formar uma condição clínica. Portanto, a irregularidade menstrual é um dos principais sintomas na SOP, mas vários outros podem estar associados como:
obesidade,
dislipidemia (aumento de colesterol e/ou triglicérides),
maior risco para câncer de endométrio,
maior risco de desenvolver doença cardiovascular (como AVC e IAM),
aumento de pelos em regiões como abdome e pescoço,
queda de cabelo,
alteração da libido,
acanthosis nigricans (escurecimento de pele em região posterior do pescoço ou dobras como axilas e região inguinal),
acne.
DÚVIDAS MAIS COMUNS NA SOP!
Ciclo menores ou maiores de 28 dias é irregularidade? Não, a irregularidade é não ter uma frequência de dias de ciclo regular. Se seu ciclo é de 21, 25, 27, 31 dias, não importa, ele é regular.
Um atraso esporádico é ciclo irregular? Não! É comum que eventos na saúde ou mentais, possam eventualmente alterar o ciclo menstrual, já que o sistema reprodutor é muito associado à parte emocional da mulher.
A SOP E A INSULINA
Pelo menos 50% das mulheres com SOP são obesas e a maioria, senão todas, apresentam resistência à insulina (intrínseca à SOP e independente da obesidade) e hiperinsulinemia, as quais se caracterizam clinicamente pela presença de acanthosis nigricans, que são escurecimento das linhas da pele em regiões de dobras como axilas, região do pescoço e região inguinal.
Vários dados confirmam a hipótese de que as resistências à insulina, como o seu excesso, exercem um papel no desenvolvimento de SOP. A insulina em excesso parece diminuir a síntese da globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG), pelo fígado, aumentando os níveis de andrógenos livres (os hormônios masculinos), ela também parece alterar a secreção do LH e promover a secreção aumentada nos ovários de andrógenos. Dessa forma a insulina parece ser protagonista na SOP e deve ganhar muita atenção para o seu tratamento.
O elo entre a SOP e a diabetes tipo 2 é que ambas possuem excesso de insulina e resistência a insulina e cada vez mais estudos comprovam que a pessoa com SOP tem risco 4x aumentado de desenvolver diabetes, como o próprio diabetes está associada a maior infertilidade, tanto em homens como em mulheres.
TRATAMENTO DA SOP
O tratamento tradicional para síndrome é baseada em medicações para o controle dos sintomas já manifestados, mas não com foco em mudar a causa da doença. Portanto, por muitos anos, o anticoncepcional oral (ACO) era a melhor opção para o tratamento da SOP. Era prescrito ACO (estrógeno e progesterona) que organizavam os ciclos menstruais, de forma que melhorariam a irregularidade, mas não resolvia o problema. Outras opções de medicações são a metformina para aquelas com diabetes ou pré diabetes e/ou finasterida para aquelas com manifestações clínícas das alterações dos hormônios masculinos.
Algumas mulheres até pode necessitar do ACO na SOP, mas é importante saber que ele não resolve a doença e pode até piorar a condição e não deve ser indicada para todas as mulheres com SOP.
A mudança do estilo de vida deve ser o primeiro item a ser considerado!! A Atividade física com regularidade, de moderada a elevada intensidade e alimentação com redução de carboidratos, como a low carb, têm boa resposta na melhora da resistência insulínica.
A lowcarb mantem a glicemia mais estável (com menor variabilidade), necessita de menores doses de insulina ao dia (reduz os riscos do excesso de insulina), melhora a relação do comportamento humano com os alimentos: reduz compulsão, busca por doces e fome, reduz o peso e mantém maior estabilidade e manutenção do novo peso.
Os praticantes desse estilo de vida devem sempre comunicar aos seus médicos sobre essas escolhas alimentares, como deve ser fiel as orientações médicas e dos nutricionistas para obter os benefícios da lowcarb, sem apresentar os riscos, por falta de orientação
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Esperamos que tenham gostado dessa postagem, da qual participa o Dr. Marcio Krakauer, endocrinologista coordenador do Departamento de tecnologia, saúde digital e telemedicina da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), a ADIABC (Associação de Diabetes do ABC) e a Liga de Diabetes da Faculdade de Medicina do ABC.
Assim como o ginecologista Dr Macelo Ponte é Membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia e Membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia e Atua no Serviço de Oncologia Pélvica Ginecológica do Hospital Pérola Byington em São Paulo.
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Referencias
SILVA, Regina do Carmo; PARDINI, Dolores P.; KATER, Claudio E. Síndrome dos ovários policísticos, síndrome metabólica, risco cardiovascular e o papel dos agentes sensibilizadores da insulina. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 50, n. 2, p. 281-290, 2006.
VILELA, Sérgio Raimundo Júnior et al. O Impacto da Diabetes na Fertilidade/The Impact of Diabetes on Fertility. ID on line REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 13, n. 47, p. 1187-1201, 2019.