Low FODMAPS Para Gases e Dor de Barriga- Com Dra. Lia Lima
Você sofre de dores abdominais e nenhum médico conseguiu diagnosticar qual a causa?
Seu intestino é sensível a alguns alimentos te fazem se sentir ruim?
Você sofre de síndrome do intestino irritável e não sabe qual a melhor alimentação para seu caso?
Pasmem!! A resposta se mantem na redução de carboidratos! Sendo que, desta vez, de forma mais especifica.
O estudo diante dos malefícios de uma dieta rica em carboidratos, e seus benefícios com a redução é tamanha que cada vez mais se aprofunda sobre o conhecimento dos carboidratos.
O que se observa atualmente é que existe uma lista de alimentos ricos em determinados carboidratos que, em pessoas com intestino sensíveis, podem sofrer de desconfortos desse órgão (o intestino), e que ao reduzir a ingesta desses nutrientes (os fodmaps), eles melhoram dos sintomas clínicos.
O nome dessa alimentação, com redução de carboidratos, visando a melhora da saúde intestinal, chama-se Low Fodmaps Diet.
É isso que vou te ensinar e hoje.
De forma muito curiosa e até interessante, hoje direcionamos (porque há uma lógica por trás e resultados clínicos) a dieta paleolítica para doenças da modernidade (doenças mentais, dores crônicas etc..), a dieta low carb para perda de peso e controle de síndrome metabólica, e a dieta low fodmaps para saúde intestinal. De forma que, possivelmente, a orientação alimentar logo será direcionada como estratégia de tratamento para especificas doenças. Ainda será possível associar diferentes dietas, de acordo com cada caso, respeitando não somente as doenças presentes, mas as preferencias e objetivos de cada um. Interessante, alguém já citou isso antes..
Vamos esquecer de filosofia e voltar aos conceitos básicos de carboidratos, pois só com eles que dá para entender sobre Low Fodmaps Diet.
Low Fodmaps Diet (Low Fermentable Oligosaccharide, Disaccharide, Monosaccharide and Polyol Diet), na sua tradução, significa alimentação com baixa oferta de monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e poliós fermentáveis.
ENTÃO, VOLTeMOS PARA OS AÇUCARES:
Carboidratos - também conhecidos como hidratos de carbono, glicídios, glucídeos, sacarídeos ou açúcares, são as biomoléculas mais abundantes na natureza, sendo constituídas principalmente por carbono, hidrogênio e oxigênio, podendo ainda apresentar nitrogênio, fósforo ou enxofre em sua composição. Sua principal função ao organismo é oferecer energia, através da oferta de glicose.
Os carboidratos são classificados em simples e complexos, sendo que todos eles, sem exceção, serão metabolizados (ou seja, degradados) em estruturas moleculares mais simples unitárias chamadas de glicose.
Portanto, as estruturas mais simples de carboidratos são moléculas unitárias (monômeros), semelhante a glicose, chamadas de monossacarídeos.
Carboidratos simples podem ser monossacarídeos (uma molécula apenas), dissacarídeos (lactose, maltose, sacarose), oligossacarídeos (de 3 até 10 moléculas). São conhecidos também como carboidratos de cadeia simples, pois até 10 moléculas de monossacarídeos, há facilidade de degradação e em geral promovem aumento rápido de insulina. Eu falei em geral, pois a frutose, por exemplo não tem esse efeito.
Monossacarídeos: glicose, frutose, galactose.
Dissacarídeos: lactose, maltose, sacarose.
Oligossacarídeos: maltodextrina.
Os carboidratos complexos são compostos com mais de 10 moléculas de unidades de carboidratos. Em geral, são compostos mais difíceis de metabolizar e costumam não causar excesso de liberação de insulina, mas como falei anteriormente, em geral não significa o mesmo para todos, mas para sua maioria, sendo a tapioca por exemplo, um alimento que contem elevado índice glicêmico.
Voltando para o intestino, o que se observa é que uma vez reduzido os alimentos ricos em carboidratos de cadeia curta (simples) e os polióis, os sintomas de síndrome de intestino irritável reduzem, melhoram e/ou até desaparecem. Estudos tem mostrado uma potência de melhora em 75% dos pacientes que se queixam de desconfortos abdominais com a dieta LF.
Os polióis
Os polóis (ou álcool de açúcar), para seu esclarecimento, não é açúcar, nem um álcool. Eles integram um grupo de carboidratos (sim eu disse, car-bo-i-dra-tos, mais uma vez), de digestão lenta, derivados da hidrogenação de sua fonte de açúcar, denominados “álcoois de açúcar”, muitas vezes referidos como “polióis”.
Entre os polióis mais famosos: Eritritol, isomalte, lactitol, maltitol, sorbitol e xilitol.
POSSÍVEL MECANISMO DE AÇÃO DOS FODMAPS CAUSADORES DE IRRITAÇÃO INTESTINAL
Em geral os carboidratos simples e polióis costumam sofrer uma metabolização rápida no interior do intestino (luz intestinal), através das enzimas hidrolases. Cada molécula possui seu receptor ou uma forma especial de absorção.
O que se acredita é que certas pessoas possuem distúrbios nesse sistema, seja na produção de hidrolases, ou na formação dos seus receptores ou na forma de absorção dessas moléculas, permitindo a presença desses nutrientes, por mais tempo dentro da luz intestinal.
Quando esses alimentos não são bem digeridos, são chamados de carboidratos e polióis fermentáveis. A presença demorada dessas substâncias na luz intestinal alcança áreas de vida simbiótica, nas regiões mais finais do intestino, a flora intestinal, que tem participação importante no desenrolar dessa história. As bactérias se alimentam de alimentos não digeríveis.
Se o indivíduo não digere bem os carboidratos e polióis, estará ofertando esse alimento em excesso para a flora, e a flora que mais se beneficia deles, é uma flora doente.
O consumo de carboidratos de cadeias simples e polióis, em pessoas com predisposição a não digestão do mesmo, parecem reter mais água, causar mais formação de gazes (pela fermentação causada pela flora intestinal).
Essas pessoas queixam-se de piora de sintomas intestinais como diarreias, flatulência, eructações e desconforto abdominais em pessoas com sensibilidade, comumente adicionadas a suspeita de síndrome do intestino irritável.
Últimos estudos relacionam cerca de 50-80% da população que queixa desses sintomas, costumam alimentar-se de foodmaps, e revelam melhora em uma dieta pobre em foodmaps.
Pessoas sensíveis a foodmaps queixam-se de:
Diarreias,
Flatulência,
Eructações,
Desconforto abdominais (mal-estar),
Distensão abdominal,
Constipação
Vale lembrar que naturalmente já existem carboidratos que não sofrem digestão total e são a base de alimentação de uma flora intestinal saudável. Isso não é valido para os carboidratos de cadeias curtas e polióis não digeridos e fermentados. Uns famosos carboidratos que não sofrem digestão e que nutre a flora são o amido resistente e a celulose. Eles em geral, possuem uma cadeia molecular grande e complexa, sendo seu processo de nutrição da flora (ou qualquer outra função) ocorrem de forma mais lenta e não promovem tantos gases.
Como tentar a Low Fodmaps Diet?
Se você se enquadra em um dos potenciais casos que se beneficiam com esse hábito alimentar, vale a pena fazer um teste de 8 semanas com a redução de tais alimentos a seguir.
Durante essas 8 semanas deve-se observar quais alimentos são específicos, no seu corpo, que causam os sintomas e melhoraram após sua retirada. Para depois possa reintroduzir os outros que não surtiram nenhum efeito, evitando dietas extremamente restritivas e difíceis de seguir.
Os sintomas de melhora devem ser notados logo após o início das restrições. Uma vez que houver realmente resultado, deve-se procurar um profissional da área para te acompanhar uma vez que deixou de ser um teste de alimentação para um novo hábito e será necessário conhecer bem sobre os alimentos que causam desconfortos abdominais e onde encontrar alternativas alimentares para se manter na LF.
Últimos estudos de LF classifica em elevada ingesta de fodmaps >110g/dia desses alimentos e baixa ingesta <6g/dia.
Existem estudos que sugerem que essa alimentação pode causar deficiência de cálcio, sendo sempre bom estar alerta em ingerir alimentos ricos nesse nutriente permitidos na LF.
É possível fazer uma dieta Low Carb e Low Fodmaps associada para aqueles que pretendem tratar perda de peso, síndrome metabólica e distúrbios gástricos, conhecendo quais os carboidratos não podem ser inclusos.
Façam sua tentativa, mas não deixem de buscar um profissional se a opção for fazer da LF Diet um estilo de vida!
Por hoje é isso!
Muito Obrigada, Mil Beijos e Fiquem em Paz
Dra. Lia Lima
BROUNS, Fred; DELZENNE, Nathalie; GIBSON, Glenn. The Dietary Fibers–FODMAPs Controversy. Cereal Foods World, v. 62, n. 3, p. 98-103, 2017.
MCINTOSH, Keith et al. FODMAPs alter symptoms and the metabolome of patients with IBS: a randomised controlled trial. Gut, p. gutjnl-2015-311339, 2016.
Does a low FODMAP diet help IBS?
DTB Published Online First: 06 August 2015. doi: 10.1136/dtb.2015.8.0346
Irritable Bowel Syndrome: Little Evidence for FODMAP Diet - Medscape - Aug 14, 2015.
E se você gostou dessa postagem, não deixa de compartilhar nas redes sociais com seus amigos!